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Falta de chuvas e aumento da temperatura na capital potencializam efeitos da poluição e trazem riscos para o coração

Falta de chuvas e aumento da temperatura na capital potencializam efeitos da poluição e trazem riscos para o coração

Esta semana, período no qual devemos enfrentar calor acima dos 30º, a umidade relativa do ar na cidade de São Paulo está em torno de 30%, o que é preocupante, já que a OMS considera valores abaixo de 60% inadequados para a saúde

Segundo cardiologista do HCor tempo seco demanda cuidados também com o coração. Afinal, o ar seco dificulta a dispersão de poluentes que, quando inalados, causam, entre outros males, elevações significativas na pressão arterial

Essa semana, as medições meteorológicas apontaram que a umidade relativa do ar, na cidade de São Paulo, chegou a ficar em torno de 30%. O número é preocupante, já que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera valores abaixo de 60% inadequados para a saúde. “Com a diminuição das chuvas e o aumento da temperatura na capital – que esta semana deve ultrapassar os 30º –, o ar na cidade tem se tornado cada vez mais seco. Isso dificulta ainda mais a dispersão dos poluentes produzidos pelo crescente número de automóveis na cidade e pode comprometer a saúde da população”, explica o cardiologista do Hospital do Coração (HCor), Dr. Abrão Cury, autor de estudos sobre os malefícios da poluição.

Segundo o Dr. Abrão, a poluição atmosférica concentrada pelo tempo seco contribui com o aumento da quantidade de substâncias como monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e também dos chamados particulados – como partículas de chumbo e de diversos outros elementos prejudiciais à saúde – que absorvemos durante a respiração por causa dos carros. ”Isso potencializa não só a ocorrência de doenças respiratórias, mas também os riscos para o coração”, diz o cardiologista do HCor.

Segundo o Dr. Cury, isso acontece porque, quando inalamos todos esses poluentes, sofremos uma elevação significativa na pressão arterial. Além de aumentar a propensão a derrames e infartos do miocárdio, entre pessoas cardiopatas ou com tendência a cardiopatias, esse tipo de problema ocasiona também o aumento de coágulos no sangue, tromboses, aumento na propensão a arritmias cardíacas, vasoconstricção aguda das artérias, reações inflamatórias em diferentes partes do corpo, além do desenvolvimento de aterosclerose crônica. “Hipertensos e idosos são sempre os mais afetados. Tanto que em períodos de maior concentração de poluentes no ar, como no inverno, o atendimento a pacientes com hipertensão triplica”, revela o Dr. Cury.

O cardiologista acrescenta que monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e os particulados estão entre os principais poluentes emitidos pelos automóveis. Essas substâncias também podem alterar o endotélio das artérias – que é a camada de revestimento interno destes vasos –, o que afeta ainda mais a saúde cardíaca. “Já é possível associar as substâncias liberadas pelo escapamento dos automóveis com o aumento dos casos de hipertensão arterial registrados no Brasil”, afirma o cardiologista do HCor. “Vale lembrar que a doença já afeta de 30% a 35% da população brasileira e é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de infartos e AVCs no país”, alerta.

Cuidados com o coração

Nestes dias de tempo de seco, confira algumas dicas do Dr. Abrão Cury para cuidar da saúde do coração:

  • Procure evitar locais e horários onde se pode encontrar maior quantidade de poluentes no ar, como os engarrafamentos, por exemplo.
  • Evite correr, andar de bicicleta ou caminhar perto de vias congestionadas ou com muito trânsito.
  • Sempre que possível, visite locais mais distantes das grandes cidades, onde o ar é menos poluído.
  • Feche as janelas para proteger o ambiente da poluição.