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Implante de marca-passo cerebral possibilita ao paciente com   Doença de Parkinson retomar o controle de seus movimentos

Implante de marca-passo cerebral possibilita ao paciente com Doença de Parkinson retomar o controle de seus movimentos

Técnica inovadora aplicada no HCor é uma alternativa para conter o avanço da doença

Não há cura para o Doença de Parkinson. Os tratamentos existentes buscam frear o avanço dos tremores e da rigidez muscular, principais sintomas da doença. Existem medicações eficientes, mas que requerem cautela por serem tóxicas ao organismo.

Uma alternativa para pacientes com sintomas em estágios moderadamente avançados (geralmente cinco a dez anos após o diagnóstico) é o implante do marca-passo cerebral. O equipamento é muito semelhante ao marca-passo cardíaco: é pequeno e funciona com impulsos elétricos localizados. Ele age sobre áreas do cérebro afetadas pela doença, assim regredindo em mais de cinco anos o avanço dos sintomas.

“Isso dá mais qualidade de vida ao paciente. Ele resgata a própria autonomia para realizar tarefas cotidianas e, assim, adia o aparecimento de outros sintomas secundários da doença de Parkinson, como a depressão”, afirma a equipe de neurologia do HCor.

Para ser submetido à cirurgia, o paciente deve estar com boa saúde. O perfil mais indicado é de quem já passou pelo chamado honeymoon period, fase na qual os sintomas não chegam a representar grandes limitações. A cirurgia é realizada no HCor , onde há uma equipe especializada no tratamento cirúrgico de pacientes com distúrbios de movimento.

Como a cirurgia funciona?
Para implantar o marca-passo, o paciente é submetido a uma cirurgia. Eletrodos são colocados no cérebro e ligados ao marca-passo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Eles são ligados por um fio, chamado de extensão, também sob a pele.

Esse conjunto irá realizar a chamada estimulação elétrica profunda cerebral, que irá interferir nos sinais que causam os sintomas motores do Doença de Parkinson. Com a melhora dos sintomas, o paciente pode diminuir ou até largar as medicações e, assim, ficar livre dos efeitos colaterais, que chegam a incluir delírio e alucinações.

“Estudos recentes mostram que a cirurgia realizada precocemente, ainda durante as fases iniciais da Doença de Parkinson, resulta em melhor qualidade de vida durante a evolução do problema”, diz a equipe de neurologia do HCor.

No Brasil e no mundo
O Doença de Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), sendo que os pacientes geralmente tem idade igual ou superior a 50 anos. Conforme a idade avança, a prevalência da doença também se torna mais alta. Há estudos que apontam até 4% em populações acima dos 65 anos.

A doença está relacionada com queda na produção do neuro transmissor dopamina. Sem ela, a comunicação do cérebro fica comprometida e isso leva à perda de funções motoras e não motoras.

No Brasil, o ator Paulo José, protagonista de novelas e filmes, assumiu ser portador e deu visibilidade à luta contra o Doença de Parkinson. A doença também ganhou manchetes internacionais quando o ator Michael J. Fox revelou estar com o problema; ele foi protagonista da trilogia “De volta para o futuro” e de outras produções de Hollywood.