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Hipertensão na infância/adolescência causa danos a longo prazo e reduz expectativa de vida

Hipertensão na infância/adolescência causa danos a longo prazo e reduz expectativa de vida

Responsável por 9,4 milhões de milhões de mortes no mundo, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde, a hipertensão acomete cada vez mais jovens: são mais de 3,5 milhões, entre crianças e adolescentes, somente no Brasil, aponta levantamento da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

“Se constatada na vida adulta, a hipertensão já faz estragos, sendo responsável por 45% dos ataques cardíacos e 51% dos derrames cerebrais, na infância, ela exige atenção. Quanto antes o problema se instala, se não tratado adequadamente, haverá mais tempo para produção de danos aos órgãos-alvo que incluem o coração, os rins, o cérebro e os vasos sanguíneos”, alerta o cardiologista e especialista em hipertensão arterial do HCor – Hospital do Coração, Celso Amodeo.

Apesar da medição da pressão arterial ser recomendada a partir dos dois anos de vida, pelo menos uma vez anualmente, isso nem sempre acontece na prática- “ainda mais no atual cenário, onde as visitas periódicas ao pediatra estão cada vez mais escassas e a maioria dos jovens são avaliados, principalmente e apenas, em visitas ao pronto socorro”. Resultado: a pressão arterial elevada acaba sendo um transtorno subestimado nas primeiras duas décadas de vida.

Somado a isso, lembra o médico, “sabemos que hoje mais da metade dos meninos (51.4%) e 43,8% das meninas, entre 5 e 9 anos, estão acima do peso, segundo levantamento do IBGE, uma dos motivos que explicam a maior incidência da hipertensão em jovens”.

Além da obesidade, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares estão entre as principais causas da multiplicação desses casos. “Por outro lado, não é necessário que a criança esteja com quilos extras ou obesa para ter sua pressão alterada – outro fator preocupante que dificulta o diagnóstico e o tratamento, já que a doença é silenciosa. Seus sintomas se manifestam somente quando já estiver em estágio avançado. São eles dor de cabeça, palpitações e tontura”, adverte o Dr. Celso.

E os estudos provam o que os médicos dizem. Pesquisa feita com 3 mil crianças em vários estados brasileiros é alarmante: 10% delas, com mais de 7 anos, já apresentava quadro de hipertensão, devido principalmente ao consumo excessivo de sódio – substâncias em abundância nos produtos industrializados (pães, queijos, enlatados, embutidos, refrigerantes, sucos, bolachas recheadas, salgadinhos, macarrão instantâneo e muitos doces).

Eletrocardiograma

Os males causados pela hipertensão ainda na infância:

Coração: há espessamento de suas paredes levando a hipertrofia ventricular esquerda que, por si só, é um fator de risco cardiovascular independente;

Rins: o dano leva a perda progressiva da função renal;

Cérebro: ocorrem alterações que provocam comprometimento cognitivo, podendo também chegar ao desenvolvimento de derrame cerebral.

Vasos sanguíneos: há um espessamento da camada muscular e disfunção da camada mais interna chamada de endotélio. O comprometimento endotelial acelera o desenvolvimento de aterosclerose com todas as suas consequências.

Curiosidade Hipertensão, Sal e Sódio:

– Enquanto um adulto pode ingerir até 5 g de sal ao dia (uma colher de chá ou 5 sachês), as crianças não devem ultrapassar a metade disso;

– Alimentos ricos em potássio auxiliam no equilíbrio de absorção de sódio pelo organismo, por isso são indicados para prevenir a doença e em seu tratamento. A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão de 3,51 g de potássio por dia e menos de 2 g de sódio. Entre os alimentos ricos em potássio: banana, suco de laranja, abacate, carnes, feijão, cenoura, água de coco e salsicha;

– O brasileiro consome 4,7 g de sódio, quantidade mais que duas vezes maior do que a recomendada pela Organização Mundial de Saúde;

– A hipertensão está relacionada à hábito de vida, mas também possui componente hereditário, filhos de pais com pressão alta correm mais riscos;

– A hipertensão é assintomática, na maioria dos casos, sendo chamada de inimigo silencioso. A dor de cabeça, por exemplo, só surge em casos de elevação rápida da pressão arterial, como nas crises hipertensivas que demandam tratamento

– Fique de olho no rótulo dos alimentos para checar a quantidade de sódio por porção: o ideal é que tenham menos de 7% de sódio por porção.