Conheça os tratamentos para os diferentes tipos de câncer de pele

Conheça os tratamentos para os diferentes tipos de câncer de pele

O câncer de pele é um dos tumores mais comuns que existem, afetando um grande número de pessoas, além do que uma mesma pessoa pode ter inúmeros tumores ao longo de sua vida. A grande maioria dos casos são diagnosticados e tratados por intervenções simples e resolutivas, porém muitos casos podem avançar e se tornar de difícil solução, e alguns poucos casos podem levar a morte, o que não deveria ocorrer, pois diferentemente de outros tumores, o câncer de pele está ao alcance dos olhos e um simples exame de rotina da pele pode detectá-los. A localização preferencial destes tumores é as áreas expostas ao sol.

Os principais tumores cutâneos são os carcinomas basocelular, em torno de 75% dos casos, espinocelular, com 20% dos casos, o melanoma cutâneo, com aproximadamente 3%, e o restante conta com uma infinidade de diferentes tumores bem menos comuns. 

Felizmente, o basocelular, o mais comum, é um tumor que afeta localmente sem emitir metástases, portanto, levando raramente à morte apenas em casos extremos avançados, que invadem estruturas ósseas e, nesses casos, tornam-se inoperáveis. Muitos casos são tratados por procedimentos simples que podem ser realizados no próprio consultório, mas os tumores de padrão histológico agressivo, mal delimitados ou ainda de maior tamanho, necessitam de cirurgia com margens cirúrgicas de segurança adequadas e de preferência com controle intraoperatório de margens cirúrgicas.

O carcinoma espinocelular apresenta formas que podem ser pouco ou até muito agressivas e necessitam de atenção maior, pois podem apresentar metástases linfonodais ou, a distância em 10 a 15% dos casos, esta forma de câncer cutâneo dificilmente aceita tratamentos mais simples e, em quase toda sua totalidade, se faz necessário a intervenção cirúrgica com margens de segurança e também se possível o controle intraoperatório de margens.

Estes tumores cutâneos se caracterizam por lesões ou feridas que não cicatrizam com o passar do tempo.

O melanoma cutâneo provê em 35% dos casos de nevos melanócitos, que se tornaram malignos ao longo do tempo, e em 65% dos casos de células produtoras de melanina na camada basal da pele encontram-se os melanócitos, que são chamados de “de novo”. Este tumor apresenta mortalidade em torno de 15% se não tratado precocemente, e esta é uma questão milimétrica, pois cada milímetro da espessura tumoral aumenta a chance de metástases, piorando o prognóstico. Existem formas menos agressivas como o lentigo maligno melanoma e a forma mais agressiva é o melanoma nodular, que apresenta crescimento vertical, ou seja, invasivo em sua gênese, sem passar pela fase radial ou horizontal de crescimento, como as outras formas apresentam, sendo espessos desde seu início com prognóstico bastante reservado.

Os melanomas cutâneos devem ser tratados em duas etapas. Inicialmente, o ideal é a retirada da lesão com margens de 2 mm e após o seu estadiamento, se realiza a ampliação de margens conforme a sua espessura determinada pelo exame anátomo patológico inicial, seguida ou não da pesquisa do linfonodo sentinela, também determinado pelos parâmetros histopatológicos.

O controle intraoperatório de margens não está indicado neste tumor, pois a congelação, necessária para este controle, não produz lâminas histológicas com qualidade para um laudo anatomopatológico adequado.

Nevos, ou as chamadas pintas, que mudam de cor do marrom para o preto fosco e/ou ainda crescem abruptamente, são também lesões novas enegrecidas em indivíduos adultos que surgem onde não existiam, são suspeitas de melanoma e devem ser avaliadas pelo especialista, no caso o dermatologista.

O controle intraoperatório de margens pode ser realizado pelo patologista pelo método tradicional de preparo de lâminas e cortes preconizados por amostragem ou idealmente deve ser realizada a Técnica Micrografia de Mohs, que em breve completará 100 anos, a qual permite ao cirurgião operador avaliar 100% das margens cirúrgicas, tornando a intervenção mais segura e diminuindo muito a possibilidade do tumor restar no local e posteriormente crescer novamente, aumentando os índices de cura.

Vivemos em um país tropical, ensolarado, e a partir da segunda metade do século passado, com a mudança de comportamento e hábitos, passamos a usar menos vestimentas e nos expormos muito mais ao sol, como forma de embelezamento e por uma pretensa qualidade de vida melhor, e provavelmente por isso somos mais afetados pelo câncer cutâneo.

A proteção solar, sem dúvida, ainda é a melhor forma de evitá-los. Em primeiro lugar, respeitar os horários inadequados de exposição solar, pois entre 10h e 16h, intervalo onde a incidência de radiação ultravioleta é intensa, o sol não é benéfico a ninguém. Em segundo lugar, usar vestimentas adequadas, se a exposição solar for inevitável, e cobrir o máximo da superfície corporal. Em terceiro lugar, complementar a proteção com protetores solares nas áreas que não possam ser cobertas. Dentro de ambientes onde não haja luz solar, não são necessários estes cuidados, pois não existe nenhuma outra fonte de radiação dentro destes ambientes que possam desencadear o câncer cutâneo.

Vale ainda lembrar que o uso de protetor solar nos horários inadequados, mesmo com fator de proteção bem alto, não é suficiente para proteger-nos e podem funcionar como armadilha, pois ao impedirem a reação eritematosa dolorosa inicial que o sol causa, levam ao conforto com seu uso e assim fazem com que a pessoa não sinta queimar e consequentemente aumente seu tempo de exposição solar, fazendo com que a dose de UV absorvida final seja maior.

Nelson Ferrari – Dermatologista do Centro de Cuidado em Oncologia e Hematologia do Hcor
Chefe da Cirurgia Dermatológica da FMUSP