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Cardiologista do HCor alerta para o aumento de hipertensão arterial em crianças e adolescentes

Cardiologista do HCor alerta para o aumento de hipertensão arterial em crianças e adolescentes

A principal causa de hipertensão na criança e adolescente é a obesidade. Daí a importância de estimular a prática regular de atividade física e introduzir dieta balanceada, com mais frutas e verduras, menos gorduras saturadas e açúcar. Outra medida indispensável é controlar o consumo de alimentos industrializados ricos em sal

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a hipertensão arterial um problema de saúde pública, uma vez que o número de casos não para de crescer. A doença age silenciosamente. Por isso é chamada de “inimigo silencioso”. Sem fazer alarde, ela afeta pessoas de todas as idades e condições sociais e, atualmente, não poupa sequer as crianças e os adolescentes.

As pesquisas indicam que a elevação da pressão arterial na infância representa fator de risco para que a enfermidade se manifeste, mais tarde, na vida adulta. Por outro lado, filhos de pais hipertensos devem redobrar os cuidados com a prevenção desde cedo, porque pressão alta é uma doença hereditária, crônico-degenerativa que ataca os vasos sanguíneos e pode provocar lesões graves no coração, cérebro, rins, membros e outras grandes artérias do nosso corpo.

Nos primeiros anos de vida, a pressão alta pode ser a manifestação secundária de alguma doença de base, especialmente de doenças renais, endócrinas, cardíacas e pulmonares, como a apneia do sono, por exemplo. Prematuros e crianças que nascem com baixo peso também estão sujeitas a desenvolver hipertensão arterial na idade adulta.

Nem sempre é possível determinar a causa médica da pressão alta primária nas crianças e adolescentes. “No momento, os estudos mostram que, assim como acontece com os adultos, histórico familiar, obesidade, sedentarismo, maior ingestão de sal e menor de potássio são fatores de risco que contribuem para o aparecimento da hipertensão arterial na infância. Já na adolescência, o cigarro, consumo de bebidas alcoólicas e de outras drogas, assim como o uso de anabolizantes e de pílulas anticoncepcionais, pesam também como fatores de risco para o surgimento da doença”, esclarece Dr. Celso Amodeo, cardiologista e especialista em hipertensão arterial do HCor (Hospital do Coração).

Segundo o cardiologista do HCor, o risco de desenvolver hipertensão é oito vezes maior nas crianças obesas. Daí a importância de estimular a prática regular de atividade física e introduzir dieta balanceada, com mais frutas e verduras, menos gorduras saturadas e açúcar. “Outra medida indispensável é reduzir drasticamente a ingestão de sal. Quem já se deu ao trabalho de ler a lista de ingredientes na embalagem de salgadinhos, refrigerantes, ketchup e outros temperos prontos, no macarrão instantâneo, na salsicha do cachorro quente e nas batatinhas chips que as crianças tanto adoram, não mais se surpreende com a quantidade absurda de sódio que contêm”, explica.

O diagnóstico: O diagnóstico precoce e a introdução imediata do tratamento para controlar a hipertensão arterial na infância e adolescência são fundamentais para prevenir complicações da doença no futuro. Mudanças no estilo de vida são fundamentais para diminuir os níveis da pressão arterial nessa faixa de idade, a começar pelo controle do peso. “Pesquisas mostram que hipertensão arterial, sobrepeso e obesidade caminham de mãos dadas também nas crianças e adolescentes. Ganhou peso, a pressão sobe; perdeu peso, a pressão cai”, aponta Dr. Amodeo.

Sintomas: A pressão arterial elevada raramente causa sintomas em crianças, adolescentes e adultos. Por isso, a pressão arterial deve ser aferida com regularidade nas consultas médicas de rotina. “Os sinais aparecem quando a pressão aumenta de forma rápida, caracterizando uma crise hipertensiva. Nesses casos, os sintomas mais comuns são dor de cabeça, tonturas, falta de ar, zumbido no ouvido, visão embaçada, sangramento nasal e cansaço”, alerta o cardiologista do HCor.

Avaliação da pressão arterial na infância e adolescência deve obedecer às seguintes normas:

Todas as crianças a partir de três anos de idade e os adolescentes devem medir a pressão arterial com regularidade nas consultas médicas de rotina. Abaixo dessa idade, a pressão deve ser aferida, quando há suspeita de hipertensão secundária a outras condições de saúde;

Antes de medir a pressão, a criança deve permanecer em repouso por cinco minutos, em ambiente tranquilo, na posição sentada, com as costas apoiadas, com o braço estendido na altura do coração e a bexiga vazia;

Os manguitos usados para medir a pressão nos adultos não servem para o exame das crianças. Existem modelos específicos para uso em pediatria. Eles possuem o tamanho adequado à circunferência do braço da criança.