Dia Mundial do Alzheimer

Dia Mundial do Alzheimer

Dia Mundial do Alzheimer (21/09): HCor ressalta a importância da Reabilitação Neuropsicológica no tratamento de pacientes com a doença

Especialistas explicam que a reabilitação atrelada a exercícios físicos auxilia na reestruturação dos fatores psicossociais dos pacientes portadores da doença

Atualmente estima-se que no Brasil existam aproximadamente 700 mil pessoas com a Doença de Alzheimer (DA). Considerado um dos problemas neurológicos que mais afetam a população mundial, a DA pode ter os seus sintomas cognitivos e comportamentais reduzidos por meio de um tratamento de reabilitação neuropsicológica atrelado ao tratamento medicamentoso específico e a exercícios físicos. A abordagem multidisciplinar promovida por uma equipe de neurologistas, neuropsicólogos e com o apoio da família melhora a qualidade de vida do paciente.

A reabilitação neuropsicológica tem como objetivo manter as habilidades cognitivas e comportamentais do paciente pelo maior tempo possível, reestruturando os fatores psicossociais da vida do paciente e de seus familiares no sentido de reduzir os impactos que a Doença de Alzheimer causa ao paciente e sua família. De acordo com a neurologista e responsável pelo Check-up Neurológico do HCor – Hospital do Coração, Dra. Maristela Costa, com o envelhecimento da população, temos cada vez mais pessoas com diagnóstico de Doença de Alzheimer e teremos que aprender como lidar tanto com o paciente como com sua família, em especial com o cuidador.

As técnicas utilizadas na reabilitação estão dentro dos padrões da psicologia cognitiva ou comportamental e intensifica a confiança dos pacientes em suas habilidades, no sentido de facilitar atividades de vida cotidiana. Assim quando se promove o aprendizado através de técnicas especificas para cada função e os exercícios são direcionados para atividades da vida diária, se reforça as habilidades importantes para a vida do paciente.

No HCor, há inicialmente uma consulta neurológica do paciente com provável diagnóstico de DA sendo o mesmo encaminhado a avaliação neuropsicológica. Uma vez atestada a doença na fase inicial ou moderada, ele é indicado para realizar a reabilitação neuropsicológica com uma equipe especializada que trabalhará a memória desse paciente. Exercícios como a árvore genealógica do paciente, agenda de compromissos, estimulação do autogerenciamento e organização da rotina, exercícios de compreensão de leitura são alguns dos trabalhos desenvolvidos pela equipe multidisciplinar durante o processo de reabilitação. “Ao analisar os pacientes que passam por essa reabilitação podemos perceber que as ações cognitivas ficam estáveis por mais tempo. O tratamento medicamentoso é essencial para o paciente com Alzheimer, porém a reabilitação promove diversos benefícios, melhorando a qualidade de vida de forma a incluir o treino de sua independência e melhora do relacionamento na família”, relata a neurologista.

A neuropsicóloga do HCor é uma das responsáveis por esse trabalho, Dra. Lia Bender Piske explica que esse método é relativamente novo e precisa ser mais explorado no Brasil, pois tem resultados significativos para a melhoria do paciente. “Cada paciente evolui de forma diferente, por isso as intervenções devem ser consideradas sempre dentro de um âmbito particular, pela equipe multidisciplinar, para que o treino das atividades funcionais estimule a criação de estratégias compensatórias através da inserção de apoios externos e de áreas funcionais preservadas. A literatura nacional e internacional aponta para resultados positivos nesta área principalmente em pacientes na fase inicial de DA. Técnicas neuropsicológicas combinadas se mostram eficientes quando usadas com estratégias de memorização adequadas e aliadas ao tratamento medicamentoso”, explica a neuropsicóloga.

Com duração média de doze semanas, os pacientes realizam avaliações constantes e após um período de tratamento podem fazer os exercícios em casa, com o apoio da família. “Notamos que aqueles que passam pelo tratamento se sentem bastante satisfeitos com o resultado. O mesmo é relatado por seus familiares”, completa a Dra. Maristela.


Reabilitação Neuropsicológica

Antes de iniciar qualquer programa de reabilitação, torna-se necessário definir o perfil cognitivo de cada paciente, delineando os aspectos da cognição que estão preservados e os possíveis déficits já existentes. Além disso, é muito importante adequar o tratamento proposto ao nível intelectual e cultural do paciente.


Sobre a Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma afecção degenerativa do sistema nervoso, ou seja, as suas causas não são realmente conhecidas e manifestam-se por uma perda sistematizada das funções corticais. Ela atinge a população acima dos 55 anos e os primeiros sintomas são as perturbações da memória, facilmente banalizadas no início, mas que se tornam rapidamente muito incômodas. Ao passar do tempo as ações cognitivas se complicam com a alteração progressiva outras funções intelectuais como desorientação espacial, perturbações da linguagem (não encontrar a palavra, parafasias), dificuldades visuoconstrutivas, apraxia gestual, etc.

Posteriormente a pessoa com Alzheimer passa a ter comportamentos anormais como indiferença afetiva ou pelo contrário, episódios de agressividade, ás vezes perturbações perceptivas de tipo alucinatório e torna-se frequente a incapacidade para atividades domésticas (alimentação, vestir-se, controlo dos esfíncteres).