Dificuldade na ereção pode indicar problemas do coração

Dificuldade na ereção pode indicar problemas do coração

De acordo com um estudo da American Heart Association, homens com disfunção erétil têm cerca de duas vezes mais chances de ter um ataque cardíaco. É importante dar atenção para esse quadro, já que qualquer sinal que indique uma doença no coração pode garantir a prevenção e tratamento mais rápido e eficaz

Ainda tratada como tabu por muitos, a “impotência sexual” ou disfunção erétil é mais comum do que se imagina. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 50% dos homens acima de 40 anos têm alguma reclamação em relação às ereções. Embora sua consequência mais evidente se dê durante o ato sexual, ela pode ser indício de outros problemas e deve ser vista como um alerta. Com causas psicológicas e orgânicas, a disfunção erétil é um dos marcadores para a doença cardíaca e, em alguns casos, ela pode preceder o infarto.

Com um quadro desse tipo, o urologista deve encaminhar o paciente ao cardiologista. A artéria que vai para o pênis é mais fina do que a artéria aorta, por exemplo, mas se a aorta entope, o sangue chega em menor quantidade no órgão e já pode indicar que há lesões cardíacas não detectadas. “Por isso, é importante que os médicos sempre avaliem o quadro do indivíduo de uma maneira global”, recomenda o cardiologista e clinico geral do HCor – Hospital do Coração, em São Paulo, Dr. Abrão Cury.

Um estudo da American Heart Association feito com 1519 pacientes em 13 países mostrou que há relação entre a ereção deficiente e a aterosclerose – artéria com placas de colesterol em seu interior -, que pode causar doenças cardíacas. A pesquisa mostra que homens com disfunção erétil têm cerca de duas vezes mais chances de ter um ataque cardíaco. É importante dar atenção para esse quadro, já que qualquer sinal que indique uma doença no coração pode garantir a prevenção e tratamento mais rápido e eficaz.

A Disfunção Sexual Erétil (DSE) é caracterizada pela incapacidade permanente de se obter uma ereção peniana de qualidade suficiente para a prática sexual. É uma situação relativamente frequente em nosso meio e, de acordo com um levantamento recente da Sociedade Brasileira de Urologia, no Brasil cerca da metade dos homens com mais de 40 anos tem alguma queixa relacionada a qualidade de suas ereções.

De acordo com o Urologista do HCor, Dr. Mário Mattos, a DSE tem várias causas, sejam elas físicas ou emocionais. Entre as físicas ou orgânicas estão relacionados o processo natural de envelhecimento, diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, baixa de testosterona, doenças neurológicas, hipotireoidismo, abuso de drogas, tratamento do câncer de próstata (cirurgia ou radioterapia), entre outras.

Já os problemas emocionais, cada vez mais frequentes em nosso meio, estão geralmente relacionados a quadros depressivos, problemas de relacionamento pessoal ou afetivo e situações de estresse. “Não é difícil para o Urologista identificar o problema, sendo o diagnóstico suspeito com base nos sintomas referidos pelo paciente em consulta médica. Alguns exames laboratoriais e de imagem podem ajudar a confirmar o diagnóstico, além de apontar suas prováveis causas”, explica Dr. Mattos.

Disfunção Erétil – tratamento medicamentoso e cirúrgico

Segundo o urologista do HCor, o tratamento deve ser realizado de maneira sequencial. Na primeira etapa devem ser tratadas ou compensadas todas as causas orgânicas identificadas e o suporte psicoterápico deve ser oferecido. Caso não seja suficiente e desde que não existam contra indicações são oferecidas em uma segunda etapa medicações de uso oral.

Os remédios para a DSE têm a fama de serem prejudiciais para o coração, o que não é comprovado cientificamente. De acordo com Dr. Abrão Cury, esses medicamentos podem, inclusive, serem tomados por pacientes que já tiveram infarto. A única restrição para pacientes com doença no coração é para aqueles que tomam remédios que levam nitrato na fórmula.

“Quando esses medicamentos são combinados com os estimuladores de ereção, um dos efeitos colaterais é a queda da pressão, que pode cair a ponto de o paciente falecer. Fora isso, não há riscos para nenhum tipo de paciente”, esclarece o cardiologista do HCor.

Outro ponto importante é respeitar a dose máxima recomendada. Ultrapassar essa quantidade causa uma amplificação dos efeitos colaterais, como dor de estômago, de cabeça e rubor facial. “Não há por que tomar mais que o indicado, já que aumentar a dose não aumenta a ereção”, alerta Dr. Mattos, urologista do HCor.

Felizmente a maior parte dos pacientes têm seu problema resolvido ou atenuado com estas atitudes tomadas nas duas primeiras etapas. No entanto, uma parcela menor, porém significativa de pacientes, necessita de intervenções complementares em novas etapas. “Tratamos no Serviço de Urologia do HCor, pacientes com DSE de maior gravidade, que requerem tratamentos mais invasivos e menos conhecidos pelo público em geral, como as injeções de medicações diretamente no interior dos corpos cavernosos ou o implante de próteses peniana”, ressalta Dr. Mattos.

As injeções de medicações diretamente no interior dos corpos cavernosos podem ser utilizadas com bons resultados, mas com baixa aceitação pelos pacientes. Geralmente o abandono desta forma de tratamento é alto em razão da dificuldade em realizar a auto injeção, ereção dolorosa e risco de “Priapismo” (ereção prolongada que pode desencadear se não tratada a tempo DSE irreversível).

Quando as estratégias medicamentosas não surtem efeito, está indicado o implante de próteses penianas. “Trata-se de uma cirurgia que evoluiu muito nestas últimas três décadas representando hoje uma maneira segura e eficiente de se resolver a DSE grave, não responsiva aos tratamentos orais ou drogas intra cavernosas”, finaliza o urologista do HCor.