<strong>Disfagia e consistência alimentar: qual a influência para a segurança do paciente internado?</strong>

Disfagia e consistência alimentar: qual a influência para a segurança do paciente internado?

A disfagia, alteração no ato de engolir, está cada vez mais presente nas rotinas dos cuidados multiprofissionais hospitalares por ser um sintoma que impacta diretamente na segurança do paciente, uma vez que pode levar ao evento de broncoaspiração, que é responsável pelo aumento dos eventos adversos e desfechos desfavoráveis na saúde como, por exemplo, o óbito.

A fim de garantir melhores práticas assistenciais, a disfagia precisa ser cuidada de forma integral para promover um diagnóstico precoce, avaliação especializada da biomecânica da deglutição pelo fonoaudiólogo e tratamento adequado para a reabilitação, incorporando o cuidado centrado no paciente e na família de forma multiprofissional.

É muito comum pacientes com disfagia sem diagnóstico confirmado receberem uma prescrição de alimentação com consistência inadequada, podendo proporcionar episódios de engasgos constantes que podem agravar o quadro clínico e, assim, trazer grande desconforto e pior qualidade de vida. A importância de se considerar estratégias para um melhor plano integrado do cuidado é crucial, e uma das alternativas para minimizar esse impacto é a determinação de uma consistência adequada da alimentação, uma vez que muitos dos pacientes com disfagia necessitam de modificações no cardápio como a adição de purês, alimentos macios e fáceis de mastigar, líquidos mais espessos, dentre outros.

Embora pareça fácil falar sobre consistência adequada, sabemos que no dia a dia não é bem assim. A prescrição da consistência inadequada ainda é um fator que impacta o cuidado principalmente por não haver uma padronização completa entre os serviços de saúde de forma global, sendo um dos motivos geradores de intercorrências clínicas. A partir dessa perspectiva, padronizar as consistências, garantir a avaliação especializada da biomecânica da deglutição pelo fonoaudiólogo e definir os cuidados multiprofissionais são as formas mais eficazes, dinâmicas e seguras para que todos os envolvidos no cuidado da disfagia possam ter o suporte do conhecimento e realize de forma adequada as boas práticas.

Os setores de Fonoaudiologia e Nutrição do Hcor deram início ao ciclo de melhorias para a implementação da Iniciativa Internacional de Padronização da Dieta para Disfagia (IDDSI –  International Dysphagia Diet Standardisation Initiative), que é uma ação para melhorar a vida de mais de 590 milhões de disfágicos em todo o mundo por meio de uma padronização da consistência de forma adequada, com a finalidade de garantir a classificação correta das consistências alimentares destinadas aos pacientes com alterações da deglutição, proporcionando cuidado integrado e redução de prescrição, preparo e dispensação incorreta da consistência do alimento.

Artigo por
José Ribamar do Nascimento Junior
Responsável Técnico-científico da Equipe de Fonoaudiologia do Hcor