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A evolução no diagnóstico por imagem


 

Dr. Abdalla SkafPoucas áreas foram tão beneficiadas pelo avanço da tecnologia como a saúde. Nos últimos anos, a medicina diagnóstica evoluiu a ponto de permitir que os médicos detectem a probabilidade de alguém desenvolver uma determinada doença. Em outros casos, as patologias são identificadas tão precocemente que as chances de sucesso no tratamento se multiplicam.

Nesta edição da revista HCor Saúde, entrevistamos o Dr. Abdalla Skaf, médico radiologista e coordenador do Departamento de Diagnóstico por Imagem do HCor, para conhecermos melhor os principais benefícios que a rápida evolução do setor tem proporcionado aos pacientes.

HCor Saúde – Quais os principais avanços na área de diagnóstico por imagem?
Dr. Abdalla Skaf – Nos últimos anos, o setor evoluiu de forma rápida e consistente, não só em tecnologia, mas também na especialização de nossas equipes. Há vários recursos que ilustram este aprimoramento nos métodos diagnósticos. Um dos destaques na avaliação da região do abdômen, por exemplo, é a “elastografia”, exame feito por meio de ressonância magnética que faz o diagnóstico da densidade hepática, que quando alterada pode representar várias doenças, desde uma esteatose (acúmulo de gordura no fígado) até uma fibrose presente em várias doenças hepáticas como, por exemplo, a cirrose e o câncer. Esta técnica de imagem está disponível em vários centros americanos e europeus, onde se mostrou o método não invasivo mais preciso para se mensurar a fibrose ainda em estágio inicial, o que possibilita maiores chances de tratamento e até reversão do processo. Ainda sobre avaliação abdominal, há uma técnica de ressonância magnética que detecta depósitos de ferro e gordura dentro do fígado, outra alteração importante que merece ser investigada.

Outra novidade na área de imagem da mama é a tomossíntese mamária (imagens tomográficas das mamas, que aumentam a capacidade de detecção de nódulos e microcalcificação), que permite fazer uma avaliação tridimensional da região. O recurso diminui os efeitos da sobreposição de tecidos e, por isso, gera imagens mais nítidas

A ressonância magnética assumiu um papel de destaque no diagnóstico do câncer?
A.S. – A ressonância magnética, como metodologia mais recente, oferece condições de análises da próstata, por exemplo, muito mais eficazes na detecção de nódulos e outras doenças difusas, com alta precisão na diferenciação de nódulos malignos e benignos. Atualmente, alguns centros de diagnósticos por imagem dos Estados Unidos têm realizado exames de próstata por meio da ressonância magnética, além do exame de toque retal, como check-up urológico – uma alternativa eficaz na detecção de nódulos prostáticos que possam ser suspeitos. Outra novidade nesta área é o sistema que faz a fusão das imagens de ressonância magnética com ultrassonografia, para realização de biópsias direcionadas, o que aumenta, de forma importante, o sucesso na retirada de fragmentos para estudo patológico. O HCor tem uma equipe de radiologistas com alta experiência para este tipo de procedimento.

Esta evolução diagnóstica também contempla outros tipos de câncer?
A.S. – Sim, sem dúvida. Nos últimos anos, a ressonância magnética também conquistou o seu espaço no auxílio ao diagnóstico do câncer de mama, com o aumento das indicações no intuito de diferenciar nódulos benignos de malignos, além do rastreamento em alguns pacientes com maior chance de desenvolver uma doença mamária. Outra novidade na área de imagem da mama é a “tomossíntese mamária” (imagens tomográficas das mamas, que aumentam a capacidade de detecção de nódulos e microcalcificação), que permite fazer uma avaliação tridimensional da região. O recurso diminui os efeitos da sobreposição de tecidos e, por isso, gera imagens mais nítidas. Numa tomossíntese é possível obter 25 projeções da mama, que são reproduzidas em slides de apenas 1 milímetro. Este alto nível de detalhamento diminui a necessidade de repetir exames e fazer biópsias.

E na área de Ortopedia, quais os principais avanços?
A.S. – O HCor conta com alguns diferenciais na área de Ortopedia. Temos a análise dinâmica de algumas articulações utilizando a ressonância magnética, principalmente análise de ligamentos do joelho pelo método PKTD Porto Knee Testing Device, que quantifica a frouxidão ou lesão de ligamentos, e que influencia na conduta terapêutica. Este método funciona por meio de movimentos sobre a articulação durante a realização do exame. Além deste método, utilizamos também a tomografia 4D com captura de movimentos durante a realização dos cortes tomográficos. Há, ainda, a ressonância magnética de “corpo inteiro”, que tem sido realizada para avaliação e evolução de doenças metastáticas nos ossos, com protocolos específicos para doenças como “mielomas múltiplos”, que são tumores no sangue que acometem os ossos.

A tomografia computadorizada do coração com perfusão de estresse possibilita, no mesmo exame, avaliar a anatomia vascular do coração e, se existir alguma obstrução do vaso, saber dimensionar o impacto no músculo cardíaco

A tomografia computadorizada também é utilizada em larga escala nos diagnósticos de doenças cardíacas?
A.S. – Com certeza. A tomografia computadorizada do coração com perfusão de estresse possibilita, no mesmo exame, avaliar a anatomia vascular do coração e, se existir alguma obstrução do vaso, saber dimensionar o impacto no músculo cardíaco. Ou seja, uma análise anatômica e funcional do coração. Este exame é mais uma ferramenta para o cardiologista definir o melhor tratamento e, como consequência, reduzir os índices de infarto.

A Medicina Nuclear é outra especialidade que tem registrado avanços expressivos. Quais os destaques?
A.S. – Os recentes avanços nas diferentes áreas da medicina nuclear, seja por meio da evolução dos equipamentos (Cintilografias-SPECT e/ou Tomografia por Emissão de Pósitrons-PET) ou dos fármacos utilizados para adquirir as imagens diagnósticas e também para tratamento, possibilitam diagnosticar doenças cardiovasculares e neurológicas, como Parkinson e Alzheimer, além de diversos tipos de câncer em seus estágios iniciais. Isso permite tratamentos cada vez mais precoces, além de reduzir complicações e mortalidade.

As novidades na área de Medicina Nuclear são as câmaras SPECT-CZT ultrarrápidas, que oferecem a capacidade de capturar dois tipos de imagens em um único equipamento: tomografia computadorizada por emissão de fóton único e tomografia computadorizada ao mesmo tempo. Estas câmaras são mais sensíveis que as convencionais utilizadas, nos permitindo imagens em tempo real e com menor exposição à radiação. O HCor acumula uma das maiores experiências no Brasil e no mundo em sua utilização, o que reflete em ganho e benefícios aos pacientes.