×

Hcor Explica / Neurologia

Aneurisma cerebral: doença silenciosa exige cuidados com a saúde

Ser diagnosticado com um aneurisma cerebral não é fácil. Imediatamente, paciente e família já imaginam cirurgias muito complexas e questionam a possibilidade de cura.

“O aneurisma cerebral é uma doença que tem cura. No entanto, temos que primeiro pensar se devemos, ou não, tratar o aneurisma. Existem critérios para isso”, conta o Dr. José Guilherme Caldas, neurorradiologista intervencionista do HCor.

Entende-se por aneurisma a dilatação da parede das artérias do cérebro (como uma bolha na parede de uma câmara de ar de carro ou na mangueira de regar jardim), que pode se expandir, romper e levar à hemorragia cerebral.  No entanto, nem todos os aneurismas têm hemorragia, nem todos sangram e, portanto, como disse o especialista, nem todos têm necessidade de serem tratados.

Cirurgias

De acordo com o médico, quando a escolha é pelo tratamento, ele pode acontecer por meio de duas técnicas. “Ambas são invasivas, mas uma é mais que a outra”, conta.

A primeira, mais agressiva, é abrir a cabeça do paciente e colocar um clip. “É como se fosse um pequeno pregador de roupa. Imagine um pequeno pregador com menos de 2 mm que, implantado, age fechando as paredes do aneurisma, permitindo que o fluxo sanguíneo seja preservado no interior da artéria, impedindo que ocorra uma ruptura com consequente hemorragia dentro das cavidades cerebrais. É evidente que esse procedimento exige uma certa agressão, mas em termos de risco, não é uma cirurgia de extremo ou alto risco”, explica o neurorradiologista.

Já na técnica de embolização, o tratamento é por dentro das artérias. Assim, um pequeno cateter (um tubinho de apenas 0,9 mm) adentra o aneurisma e o enche com pequenos fios de metal muito flexíveis, que vão se aglomerando e impedindo que o sangue entre, podendo ou não se associar um stent. O objetivo nesse caso é que o sangue deixe de entrar no aneurisma, e que este não se rompa.

Diagnóstico

O diagnóstico de um aneurisma cerebral é feito por exames, como angioressonância ou angiotomografia.

Dependendo do local que ele se encontra, pode comprimir estruturas próximas ao cérebro e causar alguns sintomas, como visão dupla, perda da visão, dor de cabeça, nos olhos, no pescoço, náuseas e vômitos, perda da consciência, confusão, fotofobia ou convulsões.

Uma dor de cabeça forte e súbita (descrita como a pior da vida) pode significar que o aneurisma se rompeu. Também podem ser sinais de rompimento: confusão mental, letargia, sonolência ou estupor, queda da pálpebra, fraqueza muscular ou dificuldade de mobilidade de qualquer parte do corpo, dormência ou diminuição da sensibilidade de qualquer parte do corpo, convulsões, fala prejudicada e rigidez no pescoço.

No entanto, uma pessoa pode ter um aneurisma cerebral sem nunca ter nenhum sintoma. Dados mostram que entre 1-5% da população têm aneurisma sem saber. São aneurismas pequenininhos, que podem ficar a vida inteira sem sangrar. Nesses casos, a doença só é identificada quando a pessoa passa por uma ressonância magnética ou uma tomografia computadorizada por um outro motivo.

Fatores de risco

Predisposição

Não existe uma causa definida para aneurisma, a pessoa nasce com uma predisposição para que ele aconteça, e ele vai se desenvolvendo devido a alguns fatores. “Um dos fatores principais associado à formação do aneurisma é o tabagismo. Então, não fumar e buscar um estilo de vida que controle a hipertensão arterial – alimentação saudável, exercícios e redução do estresse –, pode servir como prevenção”, finaliza o neurorradiologista.